Fonte: Jornal Tribuna
O ano de 2022 tem reservado surpresas no cenário econômico internacional e causado preocupação nos produtores rurais. Segundo Fernando Catta Preta, gerente de Procurement da Trouw Nutrition do Brasil, o mercado de nutrição animal ainda é cercado por algumas incertezas como o conflito entre a Ucrânia e a Rússia que não apresenta indícios de término. “Além disso, a Alemanha vem sofrendo com a dependência do gás russo e alguns setores já sinalizaram diminuir o ritmo. Isso significa queda na produção de amônia e impacto em algumas cadeias que a usam como matéria-prima, por exemplo, para a produção de nitrogenados da ureia da agricultura e pecuária”.
Já no comércio internacional, o cenário é de estagnação. Fernando explica que houve o período de retomada no fim do isolamento social e da Covid-19, mas ao analisar os dados do Organização Mundial do Comércio (OMC), é possível perceber que o setor cresceu uma média de 3,2% no primeiro trimestre desse ano, mas ainda é uma desaceleração comparado ao último trimestre de 2021, que foi de alta de 5,7%. “O que a OMC conclui é que de fato haverá crescimento em torno de 3% no volume do comércio mundial em 2022, no entanto, em um ritmo menor comparado ao ano passado”, explica.
Quando o assunto é Brasil, os grãos seguem com cotações muito firmes, o que acaba impactando o custo final da cadeia, principalmente na produção dos farelados. Globalmente, há redução de produtividade nas lavouras e a seca na Europa, fazendo com que o produtor brasileiro olhe para esse mercado e faça a paridade internacional do preço do milho, contribuindo para que o preço do milho não despenque e, consequentemente, haja a redução esperada nesse período de maior oferta.
“No Hemisfério Norte há uma onda de calor que resultou em queimadas, além de greves em terminais de grandes países congestionando os portos ao redor do mundo, e isso acaba prejudicando a relação de comércio principalmente na Europa. Também no continente, a seca severa está sendo responsável pela redução na produção pela dificuldade na captação de água”, alerta Catta Preta.
No cenário das vitaminas houve esse movimento de queda dos preços que vinham de uma trajetória de supervalorização. A China já verificou a menor demanda e um exemplo são as exportações de vitamina A, o os volumes chegam a ser 30% menores em relação ao primeiro semestre de 2021. O mesmo aconteceu com a vitamina E que caiu 10% nos volumes em relação ao primeiro semestre do ano passado e a vitamina B5 também no mesmo movimento chegou a cair 40% os volumes exportados para o Brasil, comparado ao mesmo período em 2021.
“É um momento de ajuste dos preços no mercado após a preocupação com guerra e as incertezas. A estocagem foi feita com o dólar mais alto do que está hoje, então é necessário voltar a girar os estoques para voltar a comprar”, analisa. “No caso dos aminoácidos é uma situação muito parecida, houve uma queda no início do ano para os principais, como metionina, lisina e treonina”.
O encarecimento dos fretes tanto internamente quanto para exportações é outro movimento citado pelo gerente como desafio. O petróleo ainda é um combustível valorizado pela nossa economia e de outros países. Isso fica claro quando vemos o aumento do frete internacional em relação ao ano de 2020: é mais que o dobro. Para Estados Unidos e Europa esse número chega a 200%.
“Um ano ainda muito desafiador para o Brasil mas também com boas perspectivas de retomada gradativa da economia e crescimento. A Trouw Nutrition sempre primou pela qualidade, buscando fornecedores e parceiros comprometidos com boas práticas. Existe uma demanda reprimida no mercado, mas temos buscado alternativas para trazer mais competividade para a ponta. Um exemplo é a recente inauguração do centro de distribuição em Marabá (PA) com esse objetivo: disponibilizar produtos na região norte com escoamento mais rápido. A aquisição da Bigsal é outra forma de estarmos mais perto de mercados em crescimento, contribuindo para sua robustez e produtividade”, completa Fernando Catta Preta.
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